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Fotografia Marcelo Esquilo |
A
cada dia que passa a vida me impressiona um pouco mais. Primeiro foram os i
Pods, os i Touchs e os i Phones, depois foram os i disso e os i d’aquilo, e
agora mais recentemente; os irmãos Vaz—Meninos do Rio.
Rosaldo
Cavalcanti me escreveu um correio eletrônico dizendo, “O Caio e o Ian vão
disputar o mundial de SUP em Sunset. São dois meninos ótimos; super educados.
Conheço o pai e a mãe deles. Você vai gostar de conhece-los.” Não tenho nenhuma
duvida.
Recebo
outro e-mail do Tony, o patrocinador dos irmãos Vaz, e concordamos que os
irmãos poderiam ficar em minha casa, mas o informo que infelizmente eu não iria
estar em casa na noite em que os meninos iriam chegar, porque tinha um
compromisso muito importante no Iate Clube de Kaneohe, mas para fazerem o favor
de fazerem da minha casa a casa deles.
Na
manha seguinte, quando eu acordo; depois do compromisso da noite anterior e dos
irmãos terem chegado a minha casa, eu os vejo no meu jardim. Saio da sala e
lhes cumprimento com um “bom dia.”
Saudáveis,
educados, e felizes da vida por estarem no Havaí, estes são os atuais “meninos
do Rio.”
Caio,
com seu cabelo dourado largado nos ombros, e um olhar que ainda não sabe muito
bem se confia em mim ou não, me cumprimenta muito educadamente. Já seu irmão,
Ian, com um sorriso contagiante, um sotaque que ainda não o decifrei, e um
olhar transparente, me da um “bom dia” com um sorriso que canto a canto.
Já
não vivo no Brasil ha muitos anos, tendo optado por fazer do Havaí a minha casa,
e me impressiono com o bem estar que os meninos me proporcionam. “É,” diz Ian,
quando lhes pergunto a respeito do campeonato de stand up paddle, que eles
vieram de tão longe para competir. “Viemos para competir em Sunset,” ele
confirma com olhos vibrantes. O irmão Caio—ainda não querendo revelar-se muito
de si, confirma com meio sorriso, “Sim, nós vamos competir em Sunset.”
Eu
lhes informo que conheço alguns dos surfista que estão na mesma competição,
fazendo assim com que Caio relaxe um pouco. “Ah é?” pergunta ele. “Sim, eu
respondo.” Foi assim, o nosso primeiro
encontro. Os meninos do Rio que estão fazendo tudo o que sonham—largados na
minha casa no Havaí.
O
Havaí, como já sabemos, é a meca do surf. Um lugar de sonhos e pesadelos. Um
lugar de conquistas e de derrotas, mas evidentemente um lugar onde os melhores
surfista do mundo mais cedo ou mais tarde, acabam por aparecer. Estes—os
meninos, me informam que já veem ao Havaí, ha muitos anos. “Sério?” eu
pergunto. “Esta já é a minha sétima vez,” me diz Caio—“corpo aberto no espaço.”
Eu
os observo e imagino que devem vir ao Havaí desde que eram crianças.
Atrás deles, no pequeno gramado do
jardim, eu vejo pranchas de surf, pranchas de stand up paddle e muitas outras
parafernálias.
“Ah—
a gente faz de tudo um pouco,” diz Ian quando percebe que estou impressionada
com o tanto de equipamento que eles trouxeram com eles. “Se esta bom para o
stand up paddle, a gente faz stand up. Se esta bom para surfar, a gente surfa
ou se esta muito vento a gente kite surf.”
OK, eu concluo,
lembrando que a molecada do Havaí, também fazem as mesma coisas.
Voltando
as coisas que me impressionam na vida, eu regresso no tempo lembrando da minha
primeira prancha de body board. Encomendada dos Estados Unidos e trazida por um
amigo que aqui veio visitar, eu recordo o meu excitamento quando ele regressou
ao Brasil com a minha prancha em baixo do braço. Hoje em dia, já podemos
encomendar tudo pela Internet e foi assim, pela internet, quando abri o meu
correio, que fiquei sabendo dos irmãos Vaz—e que me vieram; “melhor que a
encomenda.” Mas deixo de nostalgia e me lembro
que sou atualizada, já que na minha mesa da cozinha, descansa o meu i Phone e o
meu MacBook Pro.
OK,
os tempos mudaram, eu observo, deixando os meninos no gramado, e pegando uma
xicara de café, antes de ir olhar o mar.
Já
lá se vão uns tantos anos que os primeiros Brasileiros se aventuraram para as
ondas do Havaí. Os Ricos, os Bocões, os Cavalcantis os Picurutas—foram tantos
eles, e que fizeram história, que eu poderia encher mais de uma página com nome
deles. Eles ainda continuam vindo, mas hoje em dia, é uma moçada diferente, é
uma moçada mais dinâmica, mais atenta, mais perceptiva, mas que ainda “provoca
arrepio” com menos dragões tatuados nos braços.
“Mom?”
pergunta a minha filha, quando vê as pranchas de stand up paddle dos irmãos.
“Será que eles me deixam usar uma das pranchas deles?” ela pergunta em Inglês, curiosa
para experimentar a prancha de competição dos irmãos Vaz, que são muito menores
que as pranchas de stand up paddle que ela esta acostumada a usar aqui no
Havaí—quando não esta montando o cavalo, fazendo body boarding, ou
surfando—como já lhes informei; esta é uma geração muito mais dinâmica.
“Logico!”
responde Caio, escutando a nossa conversa. “A hora que você quiser” ele diz,
colocando logo um sorriso no rosto dela. Combinamos que qualquer hora destas
ela iria experimentar a prancha.
Os
meninos são atentos, educados e bem escolados, e eu os vejo entrando e saindo
do meu portão durante dias. Uma hora com umas pranchinhas de surf, outra hora com
os stand up paddles e de vez em quando; quando o vento esta soprando, com os kite
surf. Sempre voltam com um ar de satisfação e sorrisos estampados no rosto.
Acordo
uma manha e os informo que um amigo Português esta vindo passar uns dias
conosco. Eles abanam a cabeça, como quem diz, “OK.”
Meu amigo chega e eles logo se
sentem a vontade uns com os outros. Eu escuto eles trocarem ideias sobre o
Brasil, Portugal e Havaí. Na mesma noite jantamos todos juntos e falamos de
ondas, de competições, e do programa de televisão onde Caio e Ian; os Irmãos
Vaz, são protagonistas.
“Nós
queremos assistir!” informamos a eles, que ficam meio encabulados, mas que
aceitam nos mostrar suas peripécias.
“É
um pouco longo,” o Caio nos avisa, com receio de nos incomodar; mas logo
conectando o hard drive no iMac para podermos assistir um dos últimos episódios
do programa Irmãos Vaz, que ainda nem saiu no Brasil.
Sentamos
todos na minha cozinha, por “vinte e quatro minutos!” e o tempo passa rápido, o
que quer dizer, que o programa deles não nos incomodou, mas sim, nos
impressionou. Altas ondas! Saquarema perfeito! Nós assistimos Ian e Caio fazendo o que eles amam, e eles se orgulham, quando em uma das cenas aparece o pai também fazendo uma boa onda e eles dizem juntos: "É o nosso pai!"
O
pai e a mãe são da minha geração. Uma geração que falava nos telefones de linha,
uma geração que assistia televisão e uma geração que sonhava com o Havaí. “Que
o Havaí seja aqui.”
Já
Caio e Ian e a vossa geração é uma geração que esta revolucionando o mundo do
surf, o mundo da comunicação e o mundo do meio ambiente.
O
mundo do surf, este já esta aqui escrito e provado—estes meninos fazem de tudo
e fazem bem. Os tubos que eles pegaram em Backdoor no outro dia, não deixaram
para menos, as ondas que surfaram com as pranchas de stand up paddle em Chan’s
Reef, impressionou muitos, e as peripécias do kite surf, que não vi, mas que
ouvi, também parece que não deixaram para traz.
No
mundo da comunicação, já com vosso programa de televisão tendo certas cenas
filmadas por eles mesmo, prova que estes meninos não só são revolucionários mas
também visionários; já que os filmes que eles próprios faziam, foi o que levou
o canal de televisão a convida-los para o atual programa Irmãos Vaz, que é
apresentado no Canal Off.
Já
no mundo do meio ambiente, posso confirmar por experiência própria que nada que
poderia ser reciclado foi jogado no lixo. Depois que lhes informei que o latão
azul perto do portão da minha casa era para reciclagem, eu notei que eles
separaram tudo. Lixo no cinza, reciclagem no azul.
Caio
e Ian me disseram que acabaram de prestar o vestibular antes de virem ao Havaí.
Caio quer fazer Comunicação, Ian prestou o vestibular para Arquitetura, mas
disse que foi só de brincadeira para ver qual a nota que tirava, já que ainda
esta no ultimo ano do segundo grau.
Os
dois estudam, surfam e viajam pelo mundo atrás das ondas e dos sonhos. Quando conversamos a respeito de
patrocinadores e marcas, os dois afirmaram que dão muito valor as pessoas que
estão por traz deles. Eles falaram com muito respeito dos patrocinadores o que
me deu a impressão de que os acordos entre eles e os patrocinadores podem durar
muito tempo. E porque não? Eu me pergunto, analisando os meninos educados, saudáveis
e cheios de vida, com um perfil perfeito para qualquer marca.
“O
mar vai estar gigante para a campeonato!” diz Ian, com um ar surfado, e com
olhos cansados do sol, do sal e do vento. “É mesmo?” eu respondo, já acostumada
com os mares do Havaí, e com os olhares cansados e cheios de emoções.
“Não
se preocupe! Vão . . . vão dormir, amanhã é outro dia,” eu os mando para cama e
os vejo sair da minha cozinha já meio que dormindo—sonhando.
Os
irmãos vão continuar surfando, fazendo stand up paddle e kite surfing. Eles vão
competir no campeonato do mundo de SUP em Sunset. Vão continuar viajando o
mundo atrás das ondas e das aventuras, mas quando voltarem para casa, o Havaí,
vai ser ai, e o Rio, com o Cristo de braços abertos, vai ter os seus meninos de
volta.
“Eu canto pra Deus proteger-te.”
Compartilho com você sensações parecidas ao ver os meninos, também sou da geração dos telefones fixos, cartas e Lps, e me atualizo e rejuvenesço no convívio com esses "caras" que conquistam à todos a cada manobra e cada sorriso.
ReplyDeleteParabéns pelo texto e sensibilidade.
Abraços
Marcelo Esquilo
Obs: tive o prazer de fazer esse registro fotográfico durante umas nossas seções de treino e fiquei feliz de ve-la publicada no seu blog
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